quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Noite Passada.

Era meia noite: hora de dormir. As luzes da casa já estavam todas apagadas, não se ouviam mais passos. Todos dormiam. O único som que podia ser ouvido era o vento agitando as folhas das árvores. Em meu quarto, a última luz acesa foi apagada. Por minutos procurei alguém ao meu lado na cama, mas não encontrei ninguém. O sono também não apareceu. Talvez a carruagem de Morfeu se esquecesse de mim nessa noite. Decidi então não mais dormir.
Levantei-me da cama, embora o quarto estivesse totalmente escuro, fui em direção à janela e a abri, pois mesmo nas sombras, eu conhecia perfeitamente o quarto que manteve cativa toda a minha adolescência. Após ter aberto as janelas, a luz que vinha de fora iluminou levemente o quarto, permaneci recostado por algum tempo naquelas grades enferrujadas que me separavam do lado de fora.
Por entre as barras de ferro pude admirar o jardim onde plantei todos os meus sonhos infantis; alguns deles já crescidos como as imensas árvores que lá haviam, outros ainda desabrochando do solo fértil que é o meu quintal. Porém existiam alguns sonhos que ainda não haviam germinado. Talvez a maior parte deles, não sei ao certo, afinal a luz era pouca e eu não podia ver tudo com clareza naquela noite.
A noite trazia consigo uma brisa fria, os galhos das árvores se agitavam com o vento, uma imponente lua cheia brilhava no céu, seus feixes de luz eram tudo o que iluminava o meu cenário, por entre as árvores passavam e, de uma forma maravilhosamente desordenada, tocavam o solo, como o dividindo em pedaços. Era como se eu pudesse reconhecer, em cada parte escura ou iluminada do solo coberto por folhas caídas, uma parte do meu passado. Sim, pois aquelas grades enferrujadas separavam-me não só do lado de fora, mas do meu passado que permanecia ali, em meio às árvores.
A chama que acendeu um cigarro iluminou meu rosto por alguns segundos, ali me vi há anos atrás, almejando o dia em que alguém atravessaria aquelas grades para estender as mãos e me tirar daquela prisão que eu mesmo havia criado para mim. Recordei os dias em que tudo o que eu mais queria era voar para longe e deixar toda aquela vida para o ontem.
Naquele instante, enquanto a fumaça atravessava as barras de ferro, percebi que aquele garoto assustado e solitário já não existia mais. Decidi voltar à cama e tentar dormir novamente, pois a idéia de partir já não me agradara totalmente como antes, então retirei a foto de dentro de um dos livros, a beijei, e a trouxe para a cama, dessa forma tive a pessoa que amo comigo, durante toda a noite ao meu lado.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

On The Road!

Quilômetros de estrada talvez me ajudem a deixar pra trás o que me atormenta, tudo o que me desconforta. Embora saiba que o “Distante” é um lugar que não existe, eu pretendendo buscá-lo com a segurança de alguém que não quer dizer onde vai estar. Pois quando eu te quiser, eu estarei longe, e quando você me quiser, eu não estarei mais aqui.
Eu tenho o mundo inteiro pra buscar. As árvores passam. Sozinho, me lembro do que tenho deixado de lado. São tantos lugares e tantas pessoas, mas quantas dessas pessoas não foram apenas usadas, ou quantas dessas apenas não quiseram usar você. Eu não preciso de razões.
As horas ajudam a me afastar das coisas, enquanto linhas tortas são deixadas à beira da estrada. De repente as coisas acontecem, então segure a minha mão e vamos mudar a realidade. Segure a minha mão forte e vamos fazer de tudo pra mudar o jeito que as coisas são.
 Embora saiba que o “Distante” é um lugar que não existe, eu pretendo buscá-lo com a segurança de alguém que não quer dizer onde vai estar. Apenas ouça os ventos da mudança e saiba que eu vou embora antes que o dia amanheça. Shut up and Let me go. Hey!

domingo, 21 de novembro de 2010

Je ne sais pas.

Não há nada que você possa fazer que não possa ser feito.Não existe nada que você possa escrever que não possa ser escrito. Não há nada que você possa cantar que não possa ser cantado.Não, este não é um texto de auto ajuda. As probabilidades são irrelevantes, somos pessoas e não cálculos matemáticos, portanto é dispensável pensá-las e ceder ao medo do fracasso.

Desisti de entender o ser humano há muito tempo, pois a natureza humana em si é indefinível, e, se não é definível, é porque primeiramente é nada. Entender o nada ao meu ver parace burrice, ou não? A partir disso, só depois será algo, e será tal como a si próprio se fizer. E só se fará dentro de “um mundo” próprio de escolhas, e esse eu realmente não tento compreender. Uma amiga das horas de intimidade,Clarisse Lispector, me disse outro dia:



- Tome o maior cuidado de não entendê-lo. Sendo impossível entendê-lo, saiba que se o entender é porque está errando.

A parte do que disse Lis, creio que o devagar acerca e o fazer não devem andar tão juntos. Talvez seja uma boa idéia trocar o "penso, logo existo" pelo "sinto, logo sou." Portanto, não vejo motivos para correntes e amarras, nem mesmo se forem de idéias. Não há nada que você possa fazer que não possa ser feito.Não existe nada que você possa escrever que não possa ser escrito. Não há nada que você possa cantar que não possa ser cantado.

Talvez tudo que você precise seja amor, ou apenas uma dose de Vodka, ou duas...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sol do Esquecimento.

Na ilha, alheio a tudo, os dias se estendem como se fossem anos, as lembranças são distorcidas e as horas, às vezes, se confundem com dias inteiros. Aqui é verão durante todo o ano e a estação solar parou o tempo em um quadro morno e agonizante, as folhas não caem e as águas do rio se repetem como em um perpétuo ciclo de lamentações. A respiração é ofegante e sob o ardor do sol até o ar parece dilacerar meus pulmões em sua cólera. A essa altura, a imensidão do céu se confunde com o infinito de minha mente e as ruas vazias são como grilhões capazes de enclausurar até mesmo o mais livre dos espíritos... Vagar sozinho... Nas praias não há beleza em parte alguma, há apenas o esquecimento.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Feliz dia mundial do Rock!

Através da história podemos perceber que a sociedade sempre elegeu seu líderes, pois é inerente da natureza humana a necessidade de ser guiada por alguém. Também é impressionante o fato de que, muitas vezes, uma voz é capaz de representar todo um povo, toda uma nação, toda uma tribo; através das últimas décadas varias vozes foram capazes de impulsionar milhares de pessoas ao redor do mundo, como os gritos de yeah yeah yeah, dos quatro garotos de Liverpool, até os clamores estrondosos por uma sociedade anárquica, ou mesmo, o mais sublime e melancólico canto lírico, capaz de traduzir toda a inquietude e descontentamento de uma geração. Os anos passam, os anseios e os problemas da condição humana se transformam, a bandeira, que antes era negra, passou a ganhar cores; tribos surgiram e outras desapareceram, como em um jogo geo-político, contudo, as guitarras continuam as mesmas: os melhores instrumentos para garantir a liberdade de expressão individual, ou coletiva, da sociedade moderna. Feliz dia mundial do Rock’n Roll.

sábado, 3 de julho de 2010

Os Primeiros dias de Sol...

Eis que os dias passam e mais uma vez canto meus versos, contudo estes são de vinte dois anos, versos que me levam a um outro tempo, outro lugar,bem longe de mim. Lá, talvez eu possa ver em alguém um belo horizonte talvez uma direção pra seguir. Na rua que corre não há ninguém como eu, em meu caminho os primeiros dias de sol são os mais duros, talvez seja o cansaço, talvez seja a ausência, talvez sejam as cores ou talvez seja outro de mim...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Porta Aberta

Todos os dias todos nós recebemos várias oportunidades de nos tornarmos pessoas diferentes, alguns de nós esperam que essas oportunidades se tornem realidade, outros preferem acreditar que elas não vão demorar a acontecer, enquanto que uma parte de nós simplesmente se perde nessa espera, outros não procuram a porta aberta, mas sim uma maneira de abrir as portas que estão a sua frente, uma maneira de abrir a sua própria porta, uma maneira de não ser deixado do lado de fora de sua própria vida. Afinal, somos humanos ou dançarinos? Eis que sem perceber, em uma manhã como todas as outras, eu ouvi uma voz que me fez perceber que eu havia aberto mais uma das minhas portas, talvez tenha sido apenas um devaneio, ou talvez tenha sido realmente alguém me dizendo:


-Close your eyes and Clear your heart!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O meu fado.

   Depois de inúmeras garrafas de vinho, percebo que não se pode fugir de si mesmo por muito tempo, na verdade, eu sempre soube que isso é um feito inalcansável. No meio do meu caminho haviam várias pedras, aliás, ainda existem muitas delas. Pulo sobre algumas delas, de outras somente desvio, algumas guardo no bolso e levo comigo, algumas tento chutar, sem sucesso, acabo machucando meus pés. Aproveitando pra falar do cara que se escondia atrás dos óculos e do bigode, sei que quando eu nascí veio um anjo torto desses que vivem na sombra e disse:
-Vai Evi, ser gauche na vida.
   Bem, é o que tenho feito há quase 22 anos, porém o meu disfarce é menos sutil:  roupas pretas e cabelos caídos pelo rosto.

domingo, 25 de abril de 2010

Folha ao vento.

   Existem momentos em que você percebe que as pessoas nem sempre se importam com você como você se importa com elas, Shakspeare há muitos séculos atrás já dizia isso, mas é importante que você aprenda a superar isso, aprenda a cair, a levantar, a chorar, a sorrir; sim, como em uma canção da Alanis Morissette, acredite: You learn! Com o tempo você descobre que é de muito mais valia  acreditar em você mesmo e se amar, antes de amar alguém. Talvez, como o tempo, todos nós descobriremos, ou pelo menos deveriamos perceber, que o tempo é como uma folha que cai e sentimentos são como o pôr do sol, nascem e morrem, assim como em um poema de Florbela Espanca.