terça-feira, 28 de junho de 2011

Vinte e três folhas caídas.

Deixe o vento levar as folhas caídas, não importa a quantidade de folhas que caíram, pois elas sempre nasceram novamente. Não tente colocar as folhas de volta nos galhos, você não conseguirá, pois o tempo não retrocede. Deixe o vento levar as folhas caídas, sejam elas dezessete, vinte e três, trinta ou mesmo noventa e nove... Haverá uma nova folha em lugar da antiga, dessa forma a vida sempre se renova.


Deixe o vento levar as folhas caídas, não tenha medo de deixar as folhas caírem. Tenha o cuidado de permitir que nasçam novas folhas, e assim, sua vida estará sempre renascendo. Não se perca em lembranças toda vez que uma das folhas tiver que cair, muito pelo contrário, permita-se admirar a beleza da nova folha que surgirá. Deixe o vento levar as folhas caídas, não pare no tempo e nem se detenha a vê-lo levar as folhas que caem.

Deixe o vento levar as folhas caídas, os brotos que ainda surgirão são tão importantes quanto os que o tempo tratou de levar embora. O inverno pode ser frio, mas na primavera as folhas sempre votam a brotar. Deixe o vento levar as folhas caídas, pois além das folhas um dia virão as flores...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Camila

Após uma semana sem nos falarmos houve uma conversa. Foi rápida e via Messenger, mas ainda sim, houve uma conversa. Iríamos nos encontrar na noite do mesmo dia. Então, assim ficou marcado. Nossa última noite juntos havia sido incompleta, eu a esperara durante todo o dia, contudo enquanto estive com ela senti que não desejava estar ali. Ao sairmos da segurança dos lençóis percebi que nenhum de nós estivera realmente ali em nenhum momento daquela noite. Seu olhar, como de costume, não encontrava o meu. Aliás, essa dispersão no olhar me lembrava, em demasia, o olhar fugitivo de Luna. A despedida aconteceu em um abraço vazio. No momento em que ela cruzava a porta, senti que não bateria novamente em meus umbrais.
Camila era loira, alta, segura de si. Era misteriosa, embora tentasse passar, a todo instante, uma falsa segurança através de um sorriso armado, automático. Percebi cedo que entre nós não haviam semelhanças. Entretanto, eu precisava esquecer Cecília de qualquer maneira, e partia da vã filosofia de que a carruagem do tempo não seria o bastante para levá-la embora. Então, decidi escrever mais algumas de minhas centenas de linhas tortas.
Preparei-me para nosso encontro com a certeza de que seria o último, pois comigo já carregava a decisão de não mais voltar a vê-la. No entanto, desejava, ainda que em menor parte, que ela não aceitasse. Que estivesse disposta, agora, a me ter por completo. Isso não acontecera. Minutos antes de nosso encontro, na mesa de um bar, eu já levemente alcoolizado, me perguntava onde fora a garota que me enchia de presentes, a garota que me pedia para amá-la. Perguntava-me em que momento a garota fascinada por mim havia se tornado aquela mulher insensível, que ao invés de me fazer sentir especial me fazia sentir sujo, como um objeto descartável.
No momento em que conversávamos ela se mostrava desinteressada, saciada. Mostrava não precisar mais de mim para nada, como uma criança que havia se cansado do brinquedo. Ao final da conversa, tudo aquilo já não importava mais para mim. Ela foi embora, eu fui embora, no fim das contas acredito que eu esteja indo embora até esse momento...