terça-feira, 6 de março de 2018



Foi com o pecado

Minha floresta de símbolos havia secado
Como num sonho em uma noite de pecado
Bebi na taça dos amores que rejeitei
Embriagado, eu me prostrei e sorri
Eu sentei e rezei para um Deus mudo
Eu sentei e rezei para um Deus surdo
Quando dei por mim então percebi
Que já tinha colhido todas as flores
Já não sentia mais o sabor da rima
Entre todos os amores e as dores
Eu sentei e rezei para um Deus mudo
Eu sentei e rezei para um Deus surdo
O último cigarro chegou ao fim
Restou a lembrança amarga daquele beijo
E eu que sempre fui tão dono de mim
Agora me via escravo daquele desejo

domingo, 14 de janeiro de 2018

Campos minados


Nossos corpos são campos minados,
Nós apanhamos, fomos expulsos,
Nossa família não nos quis,
A rua é amiga dos renegados.
A igreja tentou nos queimar,
Os médicos tentaram nos curar,
Mas não se livrarão de nós.
Não sou puta, mas poderia sê-lo.
Eu tenho o direito de rodar
O quanto e com quem eu quiser,
Podemos escolher- homem ou mulher.
Descolonizar nossos corpos.
Nossos desejos não estão mortos.
Nossos amores não seguem um padrão.
O cis-tema não prevalecerá.
Nós, pessoas pretas, gordas, trans, viadas.
Temos o direito de ser amadas.
O amor será a nossa revolução.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Nós não nos importamos


No momento em que tudo desabou,
eu soube para onde tinha que correr.
Era contigo que sempre pude contar
Eu chorei desesperadamente,
a gente nunca entendeu direito o que houve.
Naquele dia nos encontramos na praia;
Era frio, chovia, uma desolação só.
Nós não nos importamos.

Nossas roupas acabaram molhadas,
eu te esperei, você se atrasou como sempre.
Como ventava demais, as gotas caiam grossas.
Você reclama que não dava para fumar.
Tudo era choro e na garganta aquele nó.
Você me disse para ter calma,
Para tentar desafogar a alma.
Nós não nos importamos.

A vida é assim mesmo. 
Cada uma de nossas cicatrizes
ajuda a desenhar quem nós somos.
Lembra de 1988?”
Caminhamos, sob a chuva, sem pressa.
As ondas escuras, angustiadas com a chuva.
Nós não nos importamos.
Você me contou que estava de namorado novo.
Eu sorri e desejei sorte de novo.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Carolina


                Por várias vezes eu me detive em procurar-te, admitia que o ímpeto de falar contigo e ter sua atenção era maior, todavia, restava em mim um pulso de sanidade que me impedia de fazê-lo. Eram intermináveis as nossas conversas- como era afável o teu sorriso. Mas mesmo assim, eu me detive. Detive-me por alguns momentos, estes sim, faziam questão de parecerem infindáveis, quando não te podia olhar nos olhos, Carolina. Procurava-te, entretanto quando  não te podia encontrar- eu entristecia.
            Acordara com um desejo insaciável- sedento até- de tomar o teu sorriso- Carolina. No entanto, naquele momento ele me havia sido negado. Mas eu me detive, quando em um não deixar com que você soubesse que eu precisava das tuas cores, eu precisava- contudo você não precisava saber. Fazia questão de te procurar sem que você soubesse disso. Por quantos momentos eu me detivera, tocava o celular, escrevia algo- apagava- largava-o nos lençóis.
            Rodeava meu próprio quarto infinitas vezes- eram as cem viagens dentro do meu quarto a te procurar- mas você nunca precisou saber disso. Você nunca precisou estar ali, na verdade. Tomava o celular nas mãos- novamente- procurava pelo teu nome- pelo teu número; procurava de uma maneira incerta pelas tuas palavras que não eram sãs. Tentava retomar aquele momento seu, só seu  (ou por que não, nosso? ), no qual você me pedia atenção, Carolina. No entanto, eu me detive.
            Desisto novamente do celular, finjo não lembrar o número ou nome - não quero mais procurar pronomes oblíquos nas coisas que você me diz. Minhas mãos adolescentes titubeiam em te buscar ou em não insistir no fato de que você saiba que eu a quero. De fato, talvez eu quisera alguém apenas  para sentir a resistência de tentar não querer buscar aqueles olhos.  Nesse momento, eu me detenho. Mas- Carolina- venha, não me detenha.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Espera em um Cigarro.

Hoje vivenciei uma experiência nova dentro destes três dias em que estou sem Cigarro: a Espera.  Precisei esperar em uma sala durante algumas horas da tarde de hoje e nesse tempo, senti falta do Cigarro a todo instante. É convencionado de todo fumante acreditar na lenda urbana do cigarro e a espera, seja lá qual tipo de espera for. Para os não fumantes ou ignorantes da teoria, eu explicar-vos-ei do que se trata:
"Reza a lenda que,  quando no momento da espera, ao acender um cigarro, o poder místico das mais de 4.700 subtâncias tóxicas faz com que o tempo passe mais rápido, como se os minutos fossem levados pela fumaça."
Dessa forma, minha espera pareceu-me interminável,  em cada momento em que as pessoas que me antecediam eram atendidas, a vontade de fumar aumentava, no entanto as horas passaram e eu  também fui atendido. Isso mesmo, eu fui atendido e as horas passaram.Contudo a vontade de fumar continua....

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Meu mundo sem vírgulas.

Há dois dias resolvi tomar uma decisão que iria de encontro a uma coisa que fazia parte da minha vida nos últimos oito anos. Resolvi parar de fumar. Comecei a fumar quando tinha quinze anos de idade, hoje tenho vinte e três.  Abandonar o cigarro não está sendo fácil, eu nem esperava realmente que fosse. Percebi ainda no dia de ontem que os cigarros tornaram-se as vírgulas do meu cotidiano. Após ler um livro, desejo um cigarro. Enquanto ouço uma música de que gosto, desejo um cigarro. Ao término das tarefas domésticas, desejo um cigarro. Ao acordar, ou mesmo antes de dormir, nos momentos após as refeições. Como pausas, ou mesmo conectivos entre as minhas atividades diárias, funcionando como vírgulas entre meus momentos. Hoje me vejo procurando coisas para substituir minhas antigas vírgulas, ao menos por um momento. Pretendo levar essa decisão adiante, encontrando ou não as minhas vírgulas. Talvez, na busca por novas vírgulas, eu encontre um ponto...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Heartgram

"Love is the funeral of hearts, an ode for cruelty."



I gave you my heart.
But I did it just today.

While we were in my bed,
Here been many people.
So, enjoy and have fun,
Because this is your time.

I gave you my heart.
But I did it just today.

Tomorrow is another day.
And I will give it to other.
When you have to go away
I won’t miss you. No!

I gave you my heart.
But I did it just today.

Maybe, I’ve forgot to say:
But my heart don’t beat,
It is stopped now,
Don’t beat anymore.

I gave you my heart.
But I did it just today.

My heart isn’t on the left
 Side of my chest, oh no!
It is on the central part,
Yes, it is one heart there.

I gave you my heart.
But I did it just today.

This is a strange heart!
It is not made of blood,
With a blood heart
Always comes the pain.

I gave you my heart.
But I did it just today.

Now, I don’t feel bad,
Also, I don’t feel faint.
There is not anyone sad!
My heart is made of paint.




(Wrote after I had one miserable sex).