domingo, 14 de janeiro de 2018

Campos minados


Nossos corpos são campos minados,
Nós apanhamos, fomos expulsos,
Nossa família não nos quis,
A rua é amiga dos renegados.
A igreja tentou nos queimar,
Os médicos tentaram nos curar,
Mas não se livrarão de nós.
Não sou puta, mas poderia sê-lo.
Eu tenho o direito de rodar
O quanto e com quem eu quiser,
Podemos escolher- homem ou mulher.
Descolonizar nossos corpos.
Nossos desejos não estão mortos.
Nossos amores não seguem um padrão.
O cis-tema não prevalecerá.
Nós, pessoas pretas, gordas, trans, viadas.
Temos o direito de ser amadas.
O amor será a nossa revolução.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Nós não nos importamos


No momento em que tudo desabou,
eu soube para onde tinha que correr.
Era contigo que sempre pude contar
Eu chorei desesperadamente,
a gente nunca entendeu direito o que houve.
Naquele dia nos encontramos na praia;
Era frio, chovia, uma desolação só.
Nós não nos importamos.

Nossas roupas acabaram molhadas,
eu te esperei, você se atrasou como sempre.
Como ventava demais, as gotas caiam grossas.
Você reclama que não dava para fumar.
Tudo era choro e na garganta aquele nó.
Você me disse para ter calma,
Para tentar desafogar a alma.
Nós não nos importamos.

A vida é assim mesmo. 
Cada uma de nossas cicatrizes
ajuda a desenhar quem nós somos.
Lembra de 1988?”
Caminhamos, sob a chuva, sem pressa.
As ondas escuras, angustiadas com a chuva.
Nós não nos importamos.
Você me contou que estava de namorado novo.
Eu sorri e desejei sorte de novo.